Debaixo da ponte é tão frio, que o pobre vira picolé do acaso e do descaso. Passam por ele línguas ásperas da curiosidade, penduradas nas janelas dos carros, feito cachorro na TV de padaria. Frango! O goleiro tomou um que entrou pra história! Que bola fácil de resolver! Preferiu admirar a má sorte desse sem sorte. O carro foi. A responsabilidade ficou, só.
O frio alí é tanto que formam como que estalactites na orelha do sujeito! O homem está com dois pingos duros de água, um em cada orelha da alma, feito brincos! Dentro e fora congelado. E, coitado é quem olha e (finge que)não vê.
"[...]na orelha do sujeito!"; sujeito? Equívoco. O Ser tem sido feito papel higiênico. Descartável e para assear veleidades (as sociais). Estar alí debaixo é para fugir das entempéries, por vontade própria, mas também é para ser escondido pela sociedade (que depois de se limpar raramente olha pra baixo), por "cumprimento do seu papel".Viva às castas!
Esse mesmo assujeitado veio a roubar um cobertor abandonado numa pilha de cobertores de uma gôndola, no meio de uma calçada qualquer da 25, no meio da calçada pública! Tomou um "pedala" que perdeu o rumo, o pobre. De cacetete. Rolou no chão até largar o pano. Nem era tão grosso, o pano, o cacetete era um coqueiro. Fez um galo que cantou a noite toda. Cantaria mais, não fosse o gelo da ponte.






estou aqui, onde antes era lá e era muit mais saudável. Eu tive que vir, mas um certo cheiro me enoja e a tristeza me embriaga. Tenho tentado ser corajosa, mas acabei sendo muito mais covarde. Eu estou aqui, enfim doente.
ResponderExcluirNda mais tem parado dentro de mim, e em meio a fluxos tão grande, até meu coração foi esvaziado. Não tenho mais nada em mente, mas nada de crente, apenas a pregação.
Eu estou precisando de coisas que apenas egoístas pedem. Eu nao sei mais qual é a minha solução... muito menos se sou heterogênia como achava.
Cheguei aqui e me encontrei, me encontrei com o vácuo.
Estou com tanta dor de cabeça.
Não consigo mais ficar na claridade, dói olhar agora pra essa tela.
Não tenho diagnóstico e tambem não tenho médico, posso procurar em distância e profundidade, aqui não existe um só coração que realmente ame, uma mão que cuide, um olhar que veja.
Desculpa não saber estabelecer contato, eu sempre tentei domar meu lado selvagem.
Ahh... só vim aqui dizer que entretanto, ainda consigo perceber que esse texto é especial em meio a tudo.
Estou vazia de humanidade, preciso, e quero tanto que alguem entre.
beijo
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluira gente pode questionar o empreendedor que batalhou pra ter aquele cobertor à venda?...
ResponderExcluira gente pode questionar o policial que não pode nunca abrir nem meia concessão?...
a gente pode questionar que a doença deste mendigo possa não ser apenas financeira, mas psíquica, porque ele não busca um BASTA pra situação global, apenas vai se livrando, momento a momento?...
eu posso questionar a postura acomodada desse mendigo que provavelmente não tem uma mãe como a minha?...
Ai, Letícia. É um tema que transtorna. Mas é difícil sair do ponto central, quando 360 pontos de vista querem se chamar "a verdade".
Gosto que tenha sido comovida por isto, e eu a amo. Amo sua natureza. Mas de que lado vc ficou, afinal?...
O comerciante é vítima do sistema capitalista,o policial, e o mendigo também, e nós também ... O fato é que todos tiveram seus motivos e sem analisar profundamente fica difícil tomar partido não?
ResponderExcluiroi lets...
ResponderExcluirbrigado!
gosto demais de ler vce tbm!
muito bom seus textos
=)
beijos